segunda-feira, 12 de maio de 2008

para o editorial de TERRITÓRIO1


Este é o número um do Fanzine que prevíamos neste projeto. Queremos dar um território de registro nosso e dos abrigados nesta casa de raízes tão ligeiras. Porque não se pode negar sua profundidade.

Aqui estamos nós numa terra de raízes ligeiras. Não porque se aprofundam ansiosas, mas porque correm. Isso: correm mesmo, como se tivessem pés. Movem-se daqui para lá. Mas são raízes. São pessoas desabrigadas, porém, num abrigo.

Então vamos refletir sobre os espaços que ocupamos. Por onde ando meu gesto, meu passo, nem sempre deixam uma marca física, concreta, impressa no ambiente. Mas existem. O que digo nem sempre ecoa na minha ausência. Mas existe. O que grito, lembro, silencio, faço, quero, também existe! Espaços subjetivos se perpetuam nas nossas vivências e nas ruas concretas pelas quais transitamos. Munidos desta certeza criamos este papel para a tinta dessas vozes que não figuram nos livros e academias, nem agora e nem no futuro.

Ficamos durante quase dois anos atentos às pequenas preciosidades no deixar do cotidiano, entre a missa e o cigarro; entre o ensaio e bom prato; entre a lua e o cartão com código de barras. Agora, ainda ligeiros e transeuntes propomos documentar as subjetividades, expressas em artes e olhares. Capturar o pensamento para olhá-lo em pleno vôo, para que ele seja plataforma para novos vôos.

Da mesma forma alguns coletivos teatrais hoje – dos quais nós, Cia Estável, fazemos parte - temos legitimado (pela lei mesmo) nosso trabalho de concretizar subjetividades e fazer dos ideais mais que pura metáfora: ação, arma, dúvida e debate. Que assim seja para outros então.

A história oficial foi escrita com a mão direita. Canhotos, faremos outras letras.

CIA. ESTÁVEL DE TEATRO

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