quinta-feira, 22 de abril de 2010

atenção!


Conforme divulgado, no dia 24/04 (próximo sábado), a apresentação de Homem Cavalo & Sociedade Anônima vai ser no espaço do grupo Pombas Urbanas, às 19h.

Av. dos Metalúrgicos, 2100
Cidade Tiradentes, São Paulo - SP

Neste dia não haverá espetáculo no Arsenal da Esperança.
Mas a temporada segue até dia 30/05. Sáb e dom as 20h

Apareça!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

descoisificar - laboratório de intervenção

Aos domingos nos encontramos para o jogo, o olhar, o perguntar, e o criar.
Descoisificar...
A seguir, trechos dos debates sobre o texto "Vida e morte na rua" de Daniel de Lucca e outros materiais de referência.

"O que esta por trás de “Limpar” e “Embelezar” a cidade?"
"Qual a função do Estado?"
"O sistema capitalista neoliberal em que vivemos, que traz um imediatismo e uma fragmentação (além de inúmeras outras coisas) que reforçam e justificam essa escolha pela cidade em primeiro plano".

"Por isso, quando te expulsam do seu território você não sabe para onde ir, o que te pertence? Você pertence a onde?"
"Mas, alguém pode determinar o território de outra pessoa? E os vínculos criados com o espaço?"

"Podemos, também, associar território a uma estratégia política
a população é induzida a fazer a associação: Fim da Cracolândia, fim das drogas".

"Quando penso que há milhares de prédios desocupados, tanto pertencentes ao poder público quanto à propriedade privada, esperando um grande investidor chegar e montar ali seu ponto capital devorador, enquanto milhares de pessoas desabrigadas esperam por uma moradia, lembro que existem movimentos de ocupação que batalham diariamente por um território e por uma territorialidade. Pessoas que apanham por ocupar espaços onde quem habita são o dinheiro e o descaso/inação do poder público. Pessoas que, mesmo tendo propostas concretas para dialogar com o poder público, não conseguem adentrar seu gabinete..."

"Quando venho no Arsenal da Esperança ainda me sinto fronteirizada, é como se eu embora dentro, vivesse fora. Porque de fato, vivo. Vivo fora no meu dia-a-dia. Vivo fora por estar dentro do meu “universo particular”, que reflete e não atua. Quero me relacionar com todos de uma maneira a qual eu pare de dizer nós e eles".

"Quem vem primeiro, o morador de rua que usa crack ou o crack que gera o morador de rua? Ou tudo?"
“A máquina acordou com fome... tá destruindo tudo à sua frente...”

"Excluídos de quê? Seria a sociedade uma espécie de grande máquina funcionando perfeitamente, e que os ditos excluídos deveriam ser adequados para entrarem nela (inclusão)?"
Há opção? Escolho ser excluído? Ambos, quem vai pra rua por falta de opção ou abandona a vida convencional são casos sintomáticos da inadequação ou contradição do modelo social;

"Exército de reserva: na perspectiva da luta de classes (burgueses/ricos versus trabalhadores) o capitalismo no seu desenvolvimento tardio, através do crescimento populacional e do desenvolvimento tecnológico, acabou por criar um excedente de mão de obra, chamado exército de reserva. São exemplos de exército de reserva os abrigados no Arsenal, uma vez que eles em sua maioria encontram-se à margem do sistema de produção, e cumprem com isso uma função de pressão sobre a classe de trabalhadores. Isto é, para desarmar os movimentos reivindicatórios dos trabalhadores, os patrões apontam a grande multidão esperando por uma chance para tomar seus lugares. Esta é mais uma evidência que estas peças não encontram-se excluídas, mas antes cumprem um papel específico e importante na correlação de forças sociais".

Participaram do debate: Adriana Mioni, Adriano Araújo, Alan Mazoni, Alline Alves Santana, Ana Luísa Aun, Angela Consiglio, Carolina Mesquita, Clara Coelho, Denis Acorinte, Edson Calheiros, Eduardo Silveira, Fernando Effori, Francisco Wagner, Gilberto Cruz, Giselle Prandini, Karine Micheline, Laís Loesch, Lívia Kuntz, Luciano Bertocco, Maíra de Grandi, Marcelo Francelino, Osvaldo Hortencio, Renata Tomasi, Renata Weinberger, Renato Gonzaga, Roberta Stein, Rodrigo Sanches e Vanessa Teixeira.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

o que intervir no quê?



Durante todo este tempo em que residimos teatro nesta casa de acolhida e passagem, nos esforçamos para manter o corpo atento ao entorno e não naturalizar o olhar. Conviver aqui precisa ser um exercício contínuo de descoberta, para não cairmos na vala comum dos preconceitos e verdades absolutas. Assim também deve ser o teatro que pretendemos e propomos. Avaliamos cada ação nossa aqui dentro com a finalidade de potencializar o pensamento e acirrar o debate.
Enquanto montávamos Homem Cavalo & Sociedade Anônima experimentamos uma relação dinâmica de troca com os acolhidos a partir do material em processo que fundamentaria a peça. Às vezes apenas personagens, roteiros para improvisação ou ainda cenas abertas para o diálogo imediato com o público. A este procedimento chamamos intervenção.
De tão reveladora e vigorosa, esta experiência orientou nosso projeto seguinte que visava verticalizar este estudo.
Vivendo o movimento desta casa, plantamos o projeto SobrePosições, sedentos por troca. Cada ação proposta no projeto visava construir possibilidades para intervenção, desde estudos que nos alimentariam para o ato, até exibição de resultados como exercícios, espetáculos e filmes, passando por processos de criação abertos.
Aos poucos, algumas experiências pontuais nos revelaram ruídos na relação. A rotatividade da casa tinha imprimido sua marca nas relações e, neste momento, os acolhidos eram outros: jovens - em geral - e muitos usuários (ou ex) de crack. O Arsenal se mostrava, novamente, reflexo imediato da realidade periférica (não apenas geográfica) de nossa cidade. Agora a relação era mais dura, ágil e menos harmoniosa. Não podíamos propor um espaço de reflexão se antes não considerássemos esta realidade.
Várias ações do projeto foram tocadas por essa constatação. A reação durante os espetáculos se transformou, a participação nas oficinas mudou, as formas de mediação e debate pós espetáculos e filmes se mostraram ineficientes, o encontro com os grupos convidados - em partilha franca de procedimentos práticos - começou a urgir cuidado quanto à forma e conteúdo. Começamos a nos questionar sobre a qualidade e função das chamadas intervenções na casa. É evidente que nosso grupo também se transformou neste períodos, e conseguíamos vislumbrar certas ingenuidades do processo.
Buscamos, então, recolhimento para repensar. Tudo pode ser intervenção, mas qual queremos? E enquanto nos protegíamos na sala para ganhar força estética e discursiva, o Arsenal mudou. E mudou de novo. E mais uma vez. A velocidade industrial de nossos tempos, que, sem zelo, perpassa cada relação que construímos, levou e trouxe nossos interlocutores. Nos ressentimos de estarmos ausentes, mas é necessário entender este movimento de preparação.
Neste momento estamos de volta ao espaço aberto, mais prontos para intervir. Iniciaremos estudos teóricos sobre intervenção, mas não o apartaremos da prática que já se agita nos espaços de convivência do Arsenal, para que o risco do embate atravesse concretamente nossas propostas nas criações, nos encontros com grupos, nas oficinas e no que mais for proposto na roda.
Torcemos para que assim nossos olhos (Estável, acolhidos e demais participantes do projeto) se orientem para um encontro de descoberta e renovação.
OSVALDO HORTENCIO (DINHO)
Cia. Estável de Teatro
MAR/10

quinta-feira, 8 de abril de 2010

nova temporada homem cavalo & sociedade anônima



De 10/04 a 30/05 no Arsenal da Esperança
Sáb e dom às 20h

Dia 24/04 no Instituto Pombas Urbanas, às19h

EM CASO DE CHUVA NÃO HAVERÁ ESPETÁCULO