sexta-feira, 23 de setembro de 2011

nova temporada homem cavalo

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem puder assistir no Dolores a saga do menino diamante pode observar como que surge o homem cavalo, pois, assim que nasce o individuo ele é classificado como diamante bruto ou considerado uma simples pedra pelos outros, e pode ver, comparando essas duas peças, que uma introduz a outra.

Primeiro seria interessante assistir a saga do menino diamante, pois no dolores vc descobre como surge o individuo que se destaca e como isso faz surgir a sociedade anonima, pois é preciso muitas pedras, muita escuridão, formada por seres anonimos, por cavalos obedientes e resignados, pra que a luz mais fraca faça brilhar o diamante bruto, e, com esse diamante, pedra igual aos outras, possa-se lapidá-lo e moldá-lo na forma que for mais conveniente naquele momento pelo seu mentor/patrão.

Mas, se esse diamante é uma simples pedra, se esse individuo dentro do coletivo é um diamante, um cavalo de raça e qualidade, e, aqueles que se encontram com ele possuem as mesmas caracteristicas, então porque destacar/valorizar apenas um de um grupo? Pela facilidade de ter apenas um ser a domar de cada vez, geralmente o mais rebelde, o considerado líder do grupo e, domado este, têm-se uma legião de cavalos dóceis, dispostos a se sacrificar em busca de uma condição, de um ideal falso oferecido ao líder, mas que não lhe é entregue, pois o que prende qualquer um de nós não é o que conseguimos, mas a promessa do que podemos conseguir se seguirmos a regra.

E isso, conforme a peça acontece nos mostra que o que recebemos não é o preço do nosso suor, mas é o preço da necessidade, pois, como nos relatos feitos dos moradores do arsenal, vc se encontra numa situação em que não pode ficar recusando trabalho, ou seja, o preço do trabalho deles, do suor deles fica reduzido, e recebem menos do que deveriam, do que outras pessoas cobrariam para fazer o mesmo serviço.

Então quem põe preço no suor?Quem determina quanto vale nosso esforço, nosso trabalho? O patrão?Ele é apenas uma ferramenta, um filtro pra determinar qual dos cavalos de um bando deve ser domado primeiro, determinar qual de uma série de individuos começa a tomar consciencia de que o patrão é seu igual, que o patrão é na verdade menos do que ele, e que por ser menos,por ser poucos, ele se esconde, se defende atacando o grupo incessantemente.

Quem dita o valor de um dia de trabalho?Nós, mais precisamente nossa necessidade de comida, de água, de ter bens à exibir ao outro, de chegar o mais próximo possível do que consideramos ideal, de ignorar o que nos é real, vivendo dentro do possivel, do preço que nos oferecem hoje, com receio de não aceitar, de criticar e acabar perdendo a única chance de trabalho que temos.

Mas afinal, se todos somos diamantes não haveria o porque de se destacar e valorizar um individuo somente, nem haveria de ter tanta desigualdade, tanta exploração, se fossemos capazes de perder o medo e lutar, não contra o patrão, mas contra a nossa resignação em sermos pedra, contra os tampões que permitimos nos colocar, contra o desejo pela facilidade, pelo ser guiado, comandado.

Bom o espetáculo, uma peça realmente para se refletir, pois de nada me vale salvar um panda da extinção se para isso devo negar a existência de outro individuo, só para que eu seja valorizado como diamante.