sexta-feira, 16 de abril de 2010

descoisificar - laboratório de intervenção

Aos domingos nos encontramos para o jogo, o olhar, o perguntar, e o criar.
Descoisificar...
A seguir, trechos dos debates sobre o texto "Vida e morte na rua" de Daniel de Lucca e outros materiais de referência.

"O que esta por trás de “Limpar” e “Embelezar” a cidade?"
"Qual a função do Estado?"
"O sistema capitalista neoliberal em que vivemos, que traz um imediatismo e uma fragmentação (além de inúmeras outras coisas) que reforçam e justificam essa escolha pela cidade em primeiro plano".

"Por isso, quando te expulsam do seu território você não sabe para onde ir, o que te pertence? Você pertence a onde?"
"Mas, alguém pode determinar o território de outra pessoa? E os vínculos criados com o espaço?"

"Podemos, também, associar território a uma estratégia política
a população é induzida a fazer a associação: Fim da Cracolândia, fim das drogas".

"Quando penso que há milhares de prédios desocupados, tanto pertencentes ao poder público quanto à propriedade privada, esperando um grande investidor chegar e montar ali seu ponto capital devorador, enquanto milhares de pessoas desabrigadas esperam por uma moradia, lembro que existem movimentos de ocupação que batalham diariamente por um território e por uma territorialidade. Pessoas que apanham por ocupar espaços onde quem habita são o dinheiro e o descaso/inação do poder público. Pessoas que, mesmo tendo propostas concretas para dialogar com o poder público, não conseguem adentrar seu gabinete..."

"Quando venho no Arsenal da Esperança ainda me sinto fronteirizada, é como se eu embora dentro, vivesse fora. Porque de fato, vivo. Vivo fora no meu dia-a-dia. Vivo fora por estar dentro do meu “universo particular”, que reflete e não atua. Quero me relacionar com todos de uma maneira a qual eu pare de dizer nós e eles".

"Quem vem primeiro, o morador de rua que usa crack ou o crack que gera o morador de rua? Ou tudo?"
“A máquina acordou com fome... tá destruindo tudo à sua frente...”

"Excluídos de quê? Seria a sociedade uma espécie de grande máquina funcionando perfeitamente, e que os ditos excluídos deveriam ser adequados para entrarem nela (inclusão)?"
Há opção? Escolho ser excluído? Ambos, quem vai pra rua por falta de opção ou abandona a vida convencional são casos sintomáticos da inadequação ou contradição do modelo social;

"Exército de reserva: na perspectiva da luta de classes (burgueses/ricos versus trabalhadores) o capitalismo no seu desenvolvimento tardio, através do crescimento populacional e do desenvolvimento tecnológico, acabou por criar um excedente de mão de obra, chamado exército de reserva. São exemplos de exército de reserva os abrigados no Arsenal, uma vez que eles em sua maioria encontram-se à margem do sistema de produção, e cumprem com isso uma função de pressão sobre a classe de trabalhadores. Isto é, para desarmar os movimentos reivindicatórios dos trabalhadores, os patrões apontam a grande multidão esperando por uma chance para tomar seus lugares. Esta é mais uma evidência que estas peças não encontram-se excluídas, mas antes cumprem um papel específico e importante na correlação de forças sociais".

Participaram do debate: Adriana Mioni, Adriano Araújo, Alan Mazoni, Alline Alves Santana, Ana Luísa Aun, Angela Consiglio, Carolina Mesquita, Clara Coelho, Denis Acorinte, Edson Calheiros, Eduardo Silveira, Fernando Effori, Francisco Wagner, Gilberto Cruz, Giselle Prandini, Karine Micheline, Laís Loesch, Lívia Kuntz, Luciano Bertocco, Maíra de Grandi, Marcelo Francelino, Osvaldo Hortencio, Renata Tomasi, Renata Weinberger, Renato Gonzaga, Roberta Stein, Rodrigo Sanches e Vanessa Teixeira.

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