Homem? Cavalo? Um ser vivo qualquer, um ruminante qualquer, um raciocínio qual... qual? Uma vanguarda de cavaleiros, trotes de São Jorge. Um cavaleiro só? Pra qual sentido ele trota? De homem cavalo, entendo que sou sagitário com ascendente em sagitário. Sou o próprio, talvez, na multidão. Talvez, ainda, amigo da multidão... ou nem tanto. Em vias de contramão? Pra que lado o trote enverga?
Me vem essa imagem, se é que posso ter certeza do que, e de como, quero expressar:
Homem Cavalo & Sociedade Anônima - São Jorge, Eu, Vocês & Uma Multidão em Cangaíba, na Esperança, guardada, num Arsenal aí no Brás. Um tanto bélico? Por quê não? Esses anônimos guerreiros (ou nem tanto?) talvez estão esquecidos em qualquer canto, talvez enfrentando de frente alguns tantos romanos.
Que seja esse Jorge, então, Macuaíma; e enxerguemos nele tanto o atabaque dos terreiros quanto as mortes que comandou em cruzadas cristinas. Assim como enxerguemos essa anônima sociedade em cada rosto daí de dentro deste Arsenal, e também de tantos outros rostos públicos imperiais num bairro onde, quase, só, passa o trem, sabendo que a guerra não pára aí, alí, aqui. Prefiro essa contradição. Que não fique o Home Cavalo de cochia e a Sociedade Anônima de patrão - assim só ganha prosa e prosa e prosa e prosa e prosa
E não entremos tanto em Marx...
Prefiro respirar Macunaíma...
E poesia...
São essas as minhas perspectivas, mesmo que distante do processo. Se for besteira, sem problemas, reprocesso...
E se respirarmos Marx com poesia? E se colocarmos Macunaíma, político e rebelde que só ele, para falar no assunto? E se a contradição for, em verdade, a mais pura harmonia, disfarçada de oposição? E se homem cavalo fosse menos signo e mais uma realidade, numa casa de acolhida, explorado e com calos de verdade na mão (que, infelizmente, não são de tocar um instrumento)? São Jorge não estava lá para valher-lhes no dia que os vi. Nem quando foram pedir emprego. Nem valeu a mim. E ele nem aguentaria as batalhas que eles travam: um dragãozinho não é nada perto da fome, solidão, injustiça, frio. Mas eles enfrentam gregos e romanos, dia após dia. E você, não? Arrisco sim, mas de estatura diferente. E o Jorge (a quem deveriam chamar Ogum) que está nos atabaques do terreiro, não pode, em hipótese alguma, ser fundido ao Jorge que matou nas cruzadas cristinas. Eles estavam de lados diferentes da lança. E você, de que lado está? É preciso mais do que poesia para brigar. Mas ela também é arma. Se é que se quer brigar... É preciso olhar para o passado com a liberdade de ir em frente. Passado é tradição e respeito, não prisão. É preciso sexo e fúria, para as criações que pretendemos, menos cagação de regra. Porque, afinal, estes homens, apesar de animalizados, raciocinam sim, melhor que poetas tantos. A poesia e a prosa estão no que tudo é e não é: homens que são cavalos, patrões que pagam para ter cavalos. A dinâmica é outra: o bico pensa que puxa a andorinha; a copa pensa que puxa a palmeira; o cavalo puxa a carroça? E de noite, na hora da poesia, hora da preguiça santa de Macunaíma, onde o homem cavalo vai dormir? Na coxia? E o patrão? E você? E se a despeito de toda a má vontade política, de toda a nossa ingenuidade, nós, multidão, florescermos em qualquer geografia? E tomara que tenhamos um troco para pegar o trem que, quase só, passa... Prefiro uma opinião. Não a poesia da indecisão. E para entrar nas casas - tão vizinhas - de Marx e de Mário (aquele...) tenho que conhecê-los, lê-los e pedir licença para falar. Não por hierarquias e autoridades, mas pela humildade de reconhecer as belezas que desconheço. Re-processemos.
Como, então, só falo do que conheço, reprocesso e peço desculpas se feri algum crente que, como a um Deus, caga não algumas regras, mas algumas teorias como se fossem rezas. Não quis ferir nenhuma moral acadêmica, mas abrir mais um canal de discussão. E uso desse espaço de livre pensamento pra falar do que penso que conheço... e me permito esse direito. O que desconheço (ou talvez nem tanto pelas palavras e pelo tom da porsa) é esse anônimo. Mas preservo este teu direito. Mas... eu
assino: Leandro Hoehne
E desculpe se soar alguma prepotência.
A propósito, tenho alguns calos que não aparecem, além dos que saltam ao trapézio ou a algum instrumento... e com certeza são os que mais doem e peço que, por respeito, não haja julgamentos. Porque não foi esse o tom do meu texto...
Que vontade de entrar nesse debate. Não. Não vou. mas, pensando bem, já tô entrando. queria parabenizar o Sr Anônimo pela clareza com que expôs sua opinião e crítica e posição. Prezo os que são persistentes em descobrir o lado em que estão. Quanto ao amigo e parceiro Leandro parece que chega a hora de estudar um pouco mais ou de perceber que podemos falar qualquer tolice ou achismo ou boniteza sabendo que o canal público vai reverberar. E a reverberação anônima contemplou-me com todo o gosto. De um texto pseudo-crítico do colega circense, do pseudo-mítico uma resposta contundente e clara. até aí, tanto um quanto o outro texto são componentes de um debate em construção, mas a resposta ao anônimo soa como magoada e sem entendimento do que esta colocado. Sorte termos a chance de lêr de novo e sacar a dimensão da ignorãncia e preconceito que pautam nossos discursos enfeitados de pós-modernidade e de autonomia máxima do individualismo históricamente construído.
Salve Macunaíma, Salve Mário, Salve Marx! Salve a luta e o acúmulo humano na tentaiva da emancipação coletiva.
5 comentários:
Acho que o melhor nome seria Homem Cavalo SA. Acho que resume bem o q vcs querem passar...se é que eu entendi...rsrs
beijo,
Adriana
Homem?
Cavalo?
Um ser vivo qualquer, um ruminante qualquer, um raciocínio qual... qual?
Uma vanguarda de cavaleiros, trotes de São Jorge. Um cavaleiro só? Pra qual sentido ele trota?
De homem cavalo, entendo que sou sagitário com ascendente em sagitário. Sou o próprio, talvez, na multidão. Talvez, ainda, amigo da multidão... ou nem tanto. Em vias de contramão? Pra que lado o trote enverga?
Me vem essa imagem, se é que posso ter certeza do que, e de como, quero expressar:
Homem Cavalo & Sociedade Anônima - São Jorge, Eu, Vocês & Uma Multidão em Cangaíba, na Esperança, guardada, num Arsenal aí no Brás. Um tanto bélico? Por quê não? Esses anônimos guerreiros (ou nem tanto?) talvez estão esquecidos em qualquer canto, talvez enfrentando de frente alguns tantos romanos.
Que seja esse Jorge, então, Macuaíma; e enxerguemos nele tanto o atabaque dos terreiros quanto as mortes que comandou em cruzadas cristinas. Assim como enxerguemos essa anônima sociedade em cada rosto daí de dentro deste Arsenal, e também de tantos outros rostos públicos imperiais num bairro onde, quase, só, passa o trem, sabendo que a guerra não pára aí, alí, aqui. Prefiro essa contradição. Que não fique o Home Cavalo de cochia e a Sociedade Anônima de patrão - assim só ganha prosa e prosa e prosa e prosa e prosa
E não entremos tanto em Marx...
Prefiro respirar Macunaíma...
E poesia...
São essas as minhas perspectivas, mesmo que distante do processo. Se for besteira, sem problemas, reprocesso...
E se respirarmos Marx com poesia?
E se colocarmos Macunaíma, político e rebelde que só ele, para falar no assunto?
E se a contradição for, em verdade, a mais pura harmonia, disfarçada de oposição?
E se homem cavalo fosse menos signo e mais uma realidade, numa casa de acolhida, explorado e com calos de verdade na mão (que, infelizmente, não são de tocar um instrumento)?
São Jorge não estava lá para valher-lhes no dia que os vi. Nem quando foram pedir emprego. Nem valeu a mim. E ele nem aguentaria as batalhas que eles travam: um dragãozinho não é nada perto da fome, solidão, injustiça, frio.
Mas eles enfrentam gregos e romanos, dia após dia. E você, não? Arrisco sim, mas de estatura diferente.
E o Jorge (a quem deveriam chamar Ogum) que está nos atabaques do terreiro, não pode, em hipótese alguma, ser fundido ao Jorge que matou nas cruzadas cristinas. Eles estavam de lados diferentes da lança. E você, de que lado está?
É preciso mais do que poesia para brigar. Mas ela também é arma. Se é que se quer brigar...
É preciso olhar para o passado com a liberdade de ir em frente. Passado é tradição e respeito, não prisão.
É preciso sexo e fúria, para as criações que pretendemos, menos cagação de regra. Porque, afinal, estes homens, apesar de animalizados, raciocinam sim, melhor que poetas tantos.
A poesia e a prosa estão no que tudo é e não é: homens que são cavalos, patrões que pagam para ter cavalos.
A dinâmica é outra: o bico pensa que puxa a andorinha; a copa pensa que puxa a palmeira; o cavalo puxa a carroça? E de noite, na hora da poesia, hora da preguiça santa de Macunaíma, onde o homem cavalo vai dormir? Na coxia? E o patrão? E você?
E se a despeito de toda a má vontade política, de toda a nossa ingenuidade, nós, multidão, florescermos em qualquer geografia?
E tomara que tenhamos um troco para pegar o trem que, quase só, passa...
Prefiro uma opinião. Não a poesia da indecisão.
E para entrar nas casas - tão vizinhas - de Marx e de Mário (aquele...) tenho que conhecê-los, lê-los e pedir licença para falar. Não por hierarquias e autoridades, mas pela humildade de reconhecer as belezas que desconheço.
Re-processemos.
Como, então, só falo do que conheço, reprocesso e peço desculpas se feri algum crente que, como a um Deus, caga não algumas regras, mas algumas teorias como se fossem rezas. Não quis ferir nenhuma moral acadêmica, mas abrir mais um canal de discussão. E uso desse espaço de livre pensamento pra falar do que penso que conheço... e me permito esse direito. O que desconheço (ou talvez nem tanto pelas palavras e pelo tom da porsa) é esse anônimo. Mas preservo este teu direito. Mas... eu
assino: Leandro Hoehne
E desculpe se soar alguma prepotência.
A propósito, tenho alguns calos que não aparecem, além dos que saltam ao trapézio ou a algum instrumento... e com certeza são os que mais doem e peço que, por respeito, não haja julgamentos. Porque não foi esse o tom do meu texto...
Que vontade de entrar nesse debate. Não. Não vou. mas, pensando bem, já tô entrando. queria parabenizar o Sr Anônimo pela clareza com que expôs sua opinião e crítica e posição. Prezo os que são persistentes em descobrir o lado em que estão. Quanto ao amigo e parceiro Leandro parece que chega a hora de estudar um pouco mais ou de perceber que podemos falar qualquer tolice ou achismo ou boniteza sabendo que o canal público vai reverberar. E a reverberação anônima contemplou-me com todo o gosto. De um texto pseudo-crítico do colega circense, do pseudo-mítico uma resposta contundente e clara. até aí, tanto um quanto o outro texto são componentes de um debate em construção, mas a resposta ao anônimo soa como magoada e sem entendimento do que esta colocado. Sorte termos a chance de lêr de novo e sacar a dimensão da ignorãncia e preconceito que pautam nossos discursos enfeitados de pós-modernidade e de autonomia máxima do individualismo históricamente construído.
Salve Macunaíma, Salve Mário, Salve Marx! Salve a luta e o acúmulo humano na tentaiva da emancipação coletiva.
Luciano Carvalho - Coletivo Dolores.
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